segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Historiografia

O que vimos nos cegou, agora, a historiografia que me interessa escrever é aquela de como no vazio do tempo se constituíram os sentidos mais belos num horizonte onde só há o que é nostálgico, só o que é tristeza. Uma dor que faz viver o belo. O texto histórico deve fazer reverberar esse halo humano chamado saudade do que nunca se teve, essa necessidade de mergulhar num oceano uterino para reviver os elos entre o não-ser e o ser-para-o-nada. A cronologia é uma das mais pobres invenções humanas, ela mascara a intratemporalidade do infinito, ela deseja ordenar de forma covarde um tempo disforme. O passado não é de forma alguma resgatado, seu lugar só é conferido pela insuficiência de cada unidade de tempo que possui em si todas as dimensões paralelas e interelacionadas. Toda tentativa de conferir o tempo ontologicamente a partir do movimento é insuficiente e desnecessária, o tempo só é conferido por esse estar lançado sem direção, nem para trás, nem para frente. Sentímo-lo apenas como presença, nunca como direção. Sentido não é um direcionamento ordenado para execução de um fim, mas apenas a presença-ausente do tempo do desejo.

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